Olhares Irreverentes de Natália Correia e Hilda Hilst na Focagem Autobiográfica

O propósito de realizar uma análise comparativa entre poéticas das autoras Natália Correia (1923-1993) e Hilda Hilst (1930-2004) veio atender a duas necessidades de minha formação intelectual. A primeira diz respeito a uma estratégia metodológica – a intertextualidade – enquanto procedimento fundamental para os estudos literários. Penso que esse conceito utilizado por Julia Kristeva em 1969 persiste até os dias de hoje, ampliando suas possibilidades de tratamento crítico aplicado aos textos literários, ao mesmo tempo que se ajusta à cultura em que vivemos, caracterizada pelas interrelações múltiplas tecidas entre os diversos objetos textuais para a produção dos sentidos. Trata-se de uma perspectiva que pode dar conta da transculturalidade de nosso tempo, com o apagamento das fronteiras rígidas e dos condicionamentos de toda espécie. Assim, entre a açoriana Natália e a brasileira Hilda circulam apelos que revelam confluências e diferenças interessantes para entendermos melhor suas produções poéticas, pois movidas por apelos ligados a seus respectivos contextos culturais.